TERRA SAGRADA

12-05-2012 01:17

 

 

TERRA SAGRADA

 

Tocando a Terra chega-se mais perto de Deus

 

por Daniel Howell

 

(EXTANT - on line magazine)

 

Tradução de Alberto Guimarães

 

"Tira as sandálias, porque o lugar em que estás é terra sagrada”. (Êxodo 3:5)

 

"É o teu ministro, em casimira impecável e botas engraxadas, quem está a folhear a Bíblia? Desculpa, mas eu não o reconheceria. Tu vês: eu tenho lido que João Baptista se vestia de pele de camelo, Cristo com a sua única roupa, caminhando descalços, com a barba por fazer, pelos montes escaldantes da Judeia" (William Cowper Brann, iconoclasta)

 

Tem sido observada, ao longo dos tempos, a ligação entre os pés descalços e a espiritualidade. Pessoalmente, julgo que andar descalço - especialmente na natureza - aprofundou a minha caminhada com Cristo, assim como para tantos outros, em épocas anteriores. Estar nivelado com a Terra ajuda-me a encontrar o meu lugar no grande esquema das coisas. A humanidade pode ser o ápice da Criação de Deus, mas no entanto somos criaturas, e estamos mais em harmonia com o resto da criação quando podemos mergulhar nela com todos os nossos sentidos. Certamente que as vistas, sons e cheiros da Criação são deliciosos e espectaculares, mas para mim tocar o chão com os pés descalços une-me com a Terra de uma forma absolutamente única e especial.

Embora os cristãos ocidentais contemporâneos se tenham esquecido de assimilar o descalcismo espiritual de qualidade, outros grupos religiosos, tanto do Oriente como do Ocidente, não se esqueceram. Muitos espiritualistas modernos compreendem a unidade entre o eu e o resto da Criação, ao tocar a Terra com os pés descalços. É costume (obrigatório, de facto) tirar os sapatos antes de entrar numa mesquita. Os sapatos também são removidos antes de entrar em templos hindus. Até mesmo os neo-paganistas e adeptos da Nova Era e iogues encontram nos pés descalços, um instrumento ideal para a comunhão com a Mãe Terra. Irónica, embora não muito surpreendentemente, andar descalço foi em grande parte um atributo cristão, nos primeiros anos da Fé. Portanto, foi com grande tristeza que os seguidores do Caminho trocaram esta chave secreta para a infiltração espiritual nas religiões estranhas e estrangeiras por... sapatos.

Após o pecado original, Adão e Eva usaram folhas para tentarem cobrir-se. Hoje, o uso do calçado esconde as nossas vulnerabilidades, levanta-nos um pouco e separa-nos do resto da Criação. Embora os nossos pés estejam entre as partes mais sensíveis do corpo, torná-los surdos e cegos, encerrando-os em sapatos e meias, só serve para nos separar da Criação e até mesmo do próprio Criador. Na Bíblia, os pés descalços representam a pureza, a humildade, o respeito, a simplicidade, a dependência da Providência, a pobreza e a fragilidade. Os calçados, em contraste, geralmente podem ser tomados para designar o oposto: a riqueza, a auto-suficiência, o desrespeito e o orgulho. Não admira que Jesus e os Seus primeiros seguidores tivessem os seus pés calçados, não com sandálias, mas com a preparação do Evangelho da Paz. (Efésios 6:15).

Os pés descalços nas Escrituras simbolizam muitas coisas, mas são muito mais do que meros símbolos. De uma forma muito real, por exemplo, simbolizam não apenas a humildade, mas têm o poder de produzir humildade na tua vida. Eles não simbolizam apenas a pobreza, pois eles têm a capacidade de aumentar a nossa sensibilidade para o sofrimento dos pobres. E os pés descalços fazem mais do que simbolizar a unidade com a Terra: eles lembram-nos as nossas responsabilidades de salvaguarda de toda a criação. Simplesmente não há uma mudança de atitude subtil, mas profunda, que ocorre por tirares os teus sapatos. Com isso em mente, vamos olhar de que forma os pés descalços são retratados na Bíblia. Mas antes de o fazer, eu gostaria de apontar o que os pés descalços não são nas Escrituras.

 

 

O QUE OS PÉS DESCALÇOS NÃO SÃO

 

Os pés descalços nunca são descritos, na Biblia, como eróticos. Pelo contrário, o amante, no Cântico dos Cânticos, declara: "Como são formosos os teus pés nas tuas sandálias, ó filha de príncipe." (Cântico dos Cânticos 7:01, itálico do autor). A prevalência de "fetiches sexuais dos pés revela, a meu ver, o poder do pé como um órgão espiritual que tenha sido atingido pela natureza pecaminosa , a fim de nos desviar das suas intenções humildes e piedosas, isto é, de nos aproximar de Deus e do resto de Sua criação. O "fetiche por sapatos", igualmente prevalente, pode ser visto de uma forma similar. Na Bíblia, os pés descalços também nunca são considerados insalubres ou um risco para a saúde. Nem a condição de descalço é apresentada sempre como um estado indesejável de trajar, excepto quando os sapatos são procurados, mas inalcançáveis (por exemplo, no caso da pobreza extrema ou da escravidão). Apesar de nunca sexualizados ou considerados insalubres, os pés descalços, nas Escrituras, representam um contínuo de estados físicos e espirituais, da pureza e da santidade extremas, através da humildade e da subserviência, à pobreza e à miséria no outro extremo.

 

 

PÉS DESCALÇOS COMO PUREZA, INOCÊNCIA, E UNIDADE COM A TERRA

 

O primeiro encontro que temos com os pés descalços, na Bíblia, ocorre dentro dos primeiros capítulos do primeiro livro. De acordo com o relato da criação, no Génesis, Deus criou o homem e a mulher e colocou-os num jardim do paraíso, chamado Éden. Là, o homem e a mulher estavam nus - incluindo, naturalmente, os pés. Aqui, os pés descalços (e nudez total) simbolizam a inocência e a pureza, e uma completa harmonia com a natureza. O homem e a mulher não têm vergonha de ser expostos da cabeça aos pés, nem têm qualquer dificuldade em se deslocarem descalços pelo jardim.

Andar descalço na natureza ainda é uma maneira deliciosa de comungar com Deus e com a Terra. Certamente que Jesus deve ter orado descalço nos jardins em redor de Jerusalém. Como foi mencionado acima, até mesmo muitos adoradores pagãos usam os pés descalços para se sentirem “em contacto” com a Mãe Terra. Os cristãos têm-se esquivado, històricamente, do conceito de "Mãe Terra" e distanciaram-se, com razão, das práticas pagãs, mas a noção da Terra como nossa mãe é consistente com as Escrituras, em que Deus formou o homem "do pó da terra." (Génesis 2 : 7). Essa ideia de humanidade relacionada com a Terra ainda ecoa nos escritos de S. Francisco de Assis no seu “Cântico das Criaturas”:

"Louvado sejas, meu Senhor, pela Irmã Terra, nossa mãe, que nos alimenta e produz diversos frutos, com coloridas flores e ervas".

S. Francisco é um dos mais famosos santos descalços. Fundou a Ordem dos Frades Menores - uma fraternidade de cristãos que tomaram literalmente a ordem de Jesus para irem evangelizar, dois a dois, descalços.

 

 

PÉS DESCALÇOS COMO HUMILDADE E SUBSERVIÊNCIA

 

Um dos primeiros exemplos onde o calçado é explìcitamente mencionado na Bíblia, ocorre no Êxodo 3:5. Nesta passagem lemos que Deus avistou um pastor cuidando dos seus rebanhos. Este pastor, chamado Moisés, está prestes a ser chamado por Deus para libertar os israelitas da escravidão e tornar-se uma das maiores figuras da história judaica. Enquanto estava a cuidar dos seus rebanhos, Moisés é atraído por um arbusto que está a arder não é consumido pelo fogo. Ao aproximar-se para investigar, ele ouve a voz de Deus, e qual é a primeira coisa que essa voz lhe diz? "Não te aproximes", disse Deus. "Tira as sandálias, porque o lugar em que estás é terra sagrada." De modo semelhante, Josué, sucessor de Moisés, que liderou os israelitas na Terra Prometida, foi intimado a descalçar-se ante o anjo do Senhor. O comandante da exército do Senhor ordenou: "Tira as sandálias, porque o lugar em que estás é sagrado." E Josué assim fez . "(Josué 5:15)

A característica comum das duas narrativas é que Deus apareceu para falar e o vidente foi convidado a descalçar-se, primeiro que tudo. Em cada uma destas encontra-se a condição divina, e estar descalço é visto como o modo mais apropriado para estar na presença de Deus. De facto, os sapatos são considerados como contaminantes da terra sagrada. Assim os pés descalços, neste sentido, parecem representar a humildade e o respeito na presença de grande majestade e santidade. Esta noção também se reflecte nos ritos sacerdotais e proféticos do Antigo Testamento.

O primeiro profeta, Samuel, deu início a uma escola de profetas que aprenderam a ouvir a Deus e instruir o povo. Ao longo da história de Israel, os profetas (ou videntes), muitas vezes ensinaram por meio de tais escolas. Mesmo desde o tempo de Samuel, era comum que os videntes profetizassem nus e descalços, e este foi mesmo considerado um traço peculiar e definidor dos profetas. Isto se reflecte-se na história da tentativa do rei Saul para matar David após Samuel o ter ungido como próximo rei de Israel (1 Samuel 19). Segundo a história, Saul enviou várias vezes tropas em busca de David, para matá-lo, mas cada vez que chegavam à cidade de Naioth, eram superados pelo Espírito Santo de Deus, e abandonou a ideia. Finalmente, Saul tentou matar o próprio David, mas "o Espírito de Deus veio sobre Saul, e ele também começou a profetizar todo o caminho para Naiote! Ele rasgou as vestes e ficou nu no chão todo o dia e toda a noite, profetizando na presença de Samuel. As pessoas que estavam a assistir exclamaram: "O quê? Saul é mesmo profeta? '"(1 Samuel 19:24). O comportamento de Saul em Naioth, assemelhava-se ao de um profeta.

Mais tarde, no Livro 1 de Samuel, lemos que uma mulher sábia e humilde, Abigail, que foi casada com um tolo rico, Nabal. David, antes ser rei em Israel, havia guardado ovelhas de Nabal, mas foi pago com insultos. Tentado a vingar-se pelo abate do rebanho de Nabal, David foi apaziguado por doações de Abigail. Dias depois o Senhor feriu de morte Nabal, depois de ter insultado o futuro rei, e David convidou Abigail para ser sua esposa. Abigail concordou, respondendo com as palavras: "Eis a tua serva, pronta para te atender e lavar os pés dos servos do meu senhor." (1 Samuel 25:41, NVI). Da mesma forma, no Novo Testamento encontramos o Mestre dos mestres, Jesus, lavando os pés dos seus seguidores (João 13:1-17). Em ambos os casos, a lavagem dos pés descalços encarna humildade e subserviência.

 

 

PÉS NUS COMO SANTIDADE

 

Porque foram Moisés e Josué intimados a tirar o calçado na presença do Senhor? Talvez porque, na Sua presença, até a terra se tornou sagrada e o calçado foi considerado contaminante deste solo sagrado. No livro do Apocalipse, o apóstolo João tem uma visão de Jesus em toda a Sua majestade, descrito como tendo cabelos brancos, olhos como fogo ardente e os pés como bronze brilhando num forno (Ap 1:13-15; 2:18).

Voltando ao Antigo Testamento, os sacerdotes eram proibidos de usar calçado no templo. Na verdade, as cabeças, mãos e pés eram consagrados - ou tornados sagrados -, esfregando sangue de carneiro na orelha direita, polegar direito e halux do pé direito (Êxodo 29:19-21). Os sacerdotes sòmente podiam entrar no Santo dos Santos após a realização desta e doutras cerimónias de consagração.

 

 

PÉS NUS COMO SINAL DE PAZ

 

Em nenhum lugar das Escrituras os pés se apresentavam, òbviamente, como símbolos da paz, tanto como no famoso anúncio de Isaías: "Como são belos sobre os montes os pés daqueles que anunciam a Boa Nova, que proclamam a paz, que trazem boas novas, que proclamam a salvação, que dizer em Sião: “O teu Deus reina. "(Isaías 52:7).

Os crentes do Novo Testamento são exortados pelo apóstolo Paulo a ter os pés calçados, não com sapatos, mas com a "prontidão que vem do Evangelho da Paz" (Efésios 6:15,). O próprio Paulo pregou muitas vezes descalço, aparentemente contra a sua vontade, porque tal era esperado de um ministro do Evangelho. Quando Jesus enviou os seus discípulos, enviou-os descalços (Mateus 10).

 

 

PÉS NUS COMO MISÉRIA

 

Em várias passagens da Escritura, os pés descalços representam a miséria, a pobreza extrema e a escravidão. O episódio dos 3 anos de Isaías descalço e nu apresenta um exemplo do Antigo Testamento (Isaías 20). Isto para demonstrar como os egípcios e os etíopes iam para longe descalços e nus, destinados à escravidão numa terra estrangeira.

Pode ser encontrado na parábola do filho pródigo um exemplo bem conhecido no Novo Testamento. Nesta história, um jovem obtém uma herança antecipada de seu pai e logo a desperdiça em cidades estrangeiras. Degradado a ponto de comer carne de porco, ele regressa ao seu pai, esfarrapado e descalço. O pai não repreendeu o rapaz, mas ordenou que dessem umas sandálias e um manto novo ao seu filho, perdido há muito tempo e que, finalmente, voltou para casa. (Nota como as sandálias aqui representam riqueza e abastança).

 

 

PÉS NUS COMO LUTO

 

No Antigo Testamento também vemos os pés descalços (e a nudez) apresentados como uma forma de luto. Por causa do julgamento de Deus sobre os pecados da Samaria e de Jerusalém, o profeta Miqueias diz: "Eu vou a chorar, descalço e nu." (Miquéias 1:8).

Quando um dos filhos do rei David, Absalão, conspirou para o derrubar e tomar o seu reino, David foi forçado a fugir do seu palácio. Ele "seguiu até ao Monte das Oliveiras, chorando, e enquanto subia, ia de cabeça coberta e descalço." (2 Samuel 15:30).

 

 

VIVER DESCALÇO NUM MUNDO CALÇADO

 

A partir dos exemplos acima, vemos que os pés descalços podem representar tanto condições positivas como negativas, mas o andar descalço é, sem dúvida, encorajado pelos exemplos de Cristo e dos seus primeiros seguidores. É claro que Paulo estava a usar uma metáfora em Efésios, capítulo 6, e os pés não precisam de estar nus para ouvir uma boa notícia, mas Deus quis expressamente dizer a Moisés e a Josué para tirarem o calçado, e Jesus enviou os seus discípulos descalços para pregar o Evangelho. Como já foi mencionado, o apóstolo Paulo - de acordo com S. Jerónimo - viajou descalço no primeiro século d.C., e, evidentemente, fê-lo contra os seus próprios desejos; ele andava descalço porque sentia que isso era esperado da parte de um ministro cristão do Evangelho. De facto, S. Jerónimo passou dois anos descalço (375-377) no deserto de Chalcis perto de Antioquia.

Estou realmente a sugerir que andemos descalços, mesmo em público? Não apenas na praia ou na piscina, mas para fazer compras e recados? E por razões espirituais? Francamente sim. Andar descalço onde os outros andam calçados é um atalho para a humildade. "Mas", dirás, "não é possível circular descalço na nossa sociedade." Talvez não possas andar descalço 24 horas por dia nos 7 dias da semana, ou por longos períodos de tempo, mas deves tentar andar descalço mais vezes - especialmente na natureza. Considera isso um jejum, não de comida, mas de calçado. E não penses que era mais fácil para os discípulos originais e líderes da igreja primitiva viajarem descalços do que o é hoje para nós. Considera isto: os sapatos (ou mais propriamente as sandálias) prevaleciam bastante nesses dias, assim como nesta nossa caminhada, e andar descalço raramente tem sido facto culturalmente normal, especialmente entre os membros mais respeitados da sociedade.

Cerca de 800 anos após o exemplo de S. Jerónimo, S. Francisco de Assis (1181 - 1226) tornou-se o fundador da Ordem dos Frades Menores. Como foi mencionado anteriormente, S. Francisco é talvez o santo descalço melhor conhecido, mas, não surpreendentemente, os franciscanos foram perseguidos por viverem descalços.

John Wycliffe (1320 ca. - 1384) e os seus seguidores pregaram dois a dois por toda a Inglaterra medieval, vestindo vestes compridas, de cajado e descalços. Wycliffe é famoso pela tradução das Escrituras em Inglês vernáculo, opondo-se ao papado. Pela sua oposição à Igreja Católica ele é às vezes chamado "estrela da manhã da Reforma". Grande parte do nosso calçado moderno estava a ser desenvolvido na Europa da Idade Média, enquanto Wycliffe e os companheiros pregavam a descalcez.

Santa Teresa, nascida em 1515, foi descalça da Espanha a Roma, a fim de obter autorização para abrir um convento. Ela fundou uma ordem contemplativa de monjas carmelitas, chamada Carmelitas Descalças. Ela sofreu maus tratos dos Carmelitas Calçados devido à sua adesão ao estilo descalço de vida. O seu colaborador e co-fundador dos Carmelitas Descalços, S. João da Cruz, foi igualmente perseguido - mesmo preso e torturado - pela sua estrita adesão aos esforços ascéticos (o principal dos quais era a descalcez).

Maria Madalena de Pazzi (1566-1607) acreditava ter sido chamada por Deus a viver descalça. Na tentativa de evitar a detecção, ela cortou as solas dos sapatos. Òbviamente, viver descalça não era algo considerado normal para a sua época, e Maria Madalena de Pazzi, sendo de baixa estatura, faria um grande esforço para evitar despertar as atenções.

Na América do início do século XIX, Thomas Downs, que fundou várias igrejas baptistas no Kentucky, era conhecido por andar 25 quilómetros desde sua casa em Green Briar até Yelvington, para pregar tanto descalço como sem agasalho, mesmo no inverno.

No século XX, Madre Teresa, vencedora do Prêmio Nobel da Paz em 1979, andava muitas vezes descalça, durante o seu ministério, tal como as suas companheiras de trabalho. Madre Teresa faleceu discretamente em 5 de setembro de 1997, enquanto 2,5 bilhões de habitantes do mundo fixavam atenções no funeral da Princesa Diana.

Finalmente, embora não seja um cristão, Mahatma Ghandi continua bem conhecido por viver descalço, por convicção espiritual. Na verdade, é proibido o uso de sapatos no lugar do seu memorial. Em 2006, George W. Bush tirou os sapatos e as meias para homenagear Ghandi neste memorial.

Assim, muitos chefes religiosos e da Igreja, ao longo dos séculos - até aos nossos dias - praticaram o estilo descalço de vida, apesar de viverem em sociedades calçadas. Na verdade, o seu comportamento era quase sempre a antítese das normas culturais. Muitas vezes tiveram de suportar o desprezo ou a angústia, a fim de poderem viver descalços, porque foram motivados pela interpretação literal do mandamento de Cristo (Lucas 10:4), ou tão só porque desejaram uma vida mais simples.

Apesar de andar descalço poder ser, às vezes, ser fisica e socialmente desafiador, as recompensas são abundantes. Lembra-te: o maior benefício não é simplesmente lembrar o que os pés descalços simbolizam nas Escrituras, mas experimentar o que podem realizar nas nossas vidas. Os pés descalços não apenas simbolizam a vida tranquila, a empatia para com o pobre, ou a mansidão, pois eles têm a capacidade de produzir estes atributos na tua vida. Mesmo que não possas andar descalço por longos períodos de tempo, deves pelo menos passar algum tempo descalço na natureza, o que irá, sem dúvida, melhorar a tua vida de oração. Claro que pôr os pés descalços na Terra não é uma bala mágica, mas é mais uma arma que podes juntar ao teu arsenal espiritual.